Ela me olhava de cima abaixo, não permitindo que eu fizesse nada. Tentei pausar a música que tocava, mas tudo estava tão confuso. A taça de vinho que segurava escapou entre meus dedos quando resolvi encará-la, espalhando o tinto por todo o carpete branco.
Naquele momento, mesmo que distante, a ouvi suspirar. Mordeu os lábios, e com um olhar fatal me encarou de volta, como quem dizendo: Te peguei! Não me movi. Não respirei. Não senti minha alma sair do corpo. Mas ela sim. E ela sabia bem o que estava fazendo.

"A taça de vinho que segurava escapou entre meus dedos quando resolvi encará-la, espalhando assim, o tinto por todo o carpete branco...."
Dona da situação e vestindo apenas uma camisa azul masculina, sorriu sapecamente, deixando suas covinhas aparecerem. Seus cabelos estavam soltos, radiantes com o pequeno brilho lusco-fusco que adentrava nas mínimas arestas da janela. Estava tudo perfeito. Se alguém dissesse que tudo aquilo foi planejado, eu juraria ser mentira.
Com suas pernas de fora e os pés mais lindos do mundo, deslizou pelo carpete em minha direção. E aquilo que chamam de coração e bate forte dentro do peito, parou!
Já a alguns milímetros de distância do meu olhar, da minha boca e de tudo o que cabia entre nós, minha vontade era de jogá-la no chão, ali mesmo, no carpete molhado de vinho e amá-la loucamente, como gritava meu instinto. Não foi o que fiz. E nem o que deveria fazer, já que em seguida ela fechou meus olhos e deslizou seus dedos até meus lábios, pausando o meu mundo.
Sem controle de nada e sentindo um forte tremor, mexi meus dedos tentando tocá-la, mas não foi o suficiente. Porém, ela me tocou primeiro. Trouxe até mim a parte que faltava. Seus lábios. A última força que restava em minhas pernas acabou no mesmo instante em que ela se agachou comigo.
Deitados no carpete, não se importando com nossas roupas que manchariam com o vinho, nos beijamos lentamente. Aquele momento, além de especial, se tornou de outra dimensão. Suas mãos passeavam por dentro de minha camisa. Seus pés tocavam minhas pernas e denunciavam que aquilo iria longe. E meu coração que havia parado de bater… Acelerou!
Desde então, meu riso fez sentido.
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