segunda-feira, 12 de setembro de 2011

AMOR, PERDAS E PARTIDAS


“Falar em perdas é falar em solidão, tristeza, desesperança, medo.”

Quando digo perdas, não estou me referindo apenas aos que morrem, mas a
todos que, de alguma forma, nos deixam prematuramente, antes que estejamos
preparados.

Um amigo que se muda para longe, um namoro interrompido abruptamente e até
mesmo um ente querido que se vai, sempre provoca em nós uma sensação de
vazio.

E por que isso? Porque sofremos tanto mesmo sabendo que estas perdas ou
partidas inesperadas são inerentes à vida e que, portanto, não podemos
controlá-las?

Não saberia responder com precisão as perguntas acima, mas, o que me
parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para nos acostumarmos
com a falta dos que amamos. Por mais que saibamos que a qualquer instante
eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em acreditarmos que quem
nos ama nunca nos trairia, nos privando de seu afeto, carinho e amor.

Ledo engano.

São justamente aqueles que amamos que mais nos machucam com suas partidas
inesperadas.

Vão-se sem aviso prévio e nos levam a felicidade, a fé na vida, o
equilíbrio.

O que fazer então? Não amarmos? Não nos permitirmos gostar de alguém pelo
simples fato de que seremos, mais cedo ou mais tarde, deixados para trás
na vida, entregues às nossas angústias e remorsos por não termos dito tudo
ou feito o suficiente por eles?

Creio que não.

Se há algo na vida que mais nos trás felicidade é sabermos que somos
queridos e não seria honesto nos privarmos de tal sentimento por covardia.


Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo ou afeto de uma relação a dois
deve sempre se sobrepujar ao medo da perda.

Porque ela é inevitável; o sentimento, não. Deve ser exercitado todos os
dias de nossas breves vidas.

Ele é o que nos move, nos dá o chão para que possamos caminhar pela vida
com a certeza de que, haja o que houver, teremos sempre alguém com quem
contar, que nos apoiará mesmo nos momentos em que não tenhamos razão.

Esta, deve ser a maior lição deixada pelos que partem sem nos avisar.
Lembrar-nos que devemos sempre curtir aqueles que amamos com a intensidade
proporcional à brevidade de uma vida.

Porque, quando nos faltarem, saberemos que amamos e fomos amados, que
demos e recebemos todo o carinho esperado, que construímos um sentimento
que nenhuma perda poderá apagar. Este sentimento transcende o espaço e o
tempo, não se limita ao contato físico.

Torna-se parte de nós, impregnado em nossa alma, nos confortando nos dias
difíceis, sendo cúmplice de nossas vitórias pessoais, norteando nossa
conduta, nos fazendo sentir eternamente amados.

Que me perdoem os físicos, mas, neste caso, acredito sim que dois corpos
podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

Basta que permitamos sentir a presença dos que amamos dentro de nós, como
se fossem parte de nossa alma. Só assim seremos inteiros.

“Aqueles que amamos nunca morrem,

apenas partem antes de nós".


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